terça-feira, 2 de outubro de 2007

Plus ça change, plus c'est la même chose?

Voltando ao Brasil não é difícil perceber a diferença deste lugar peculiar para outros ditos mais "nobres" ou "desenvolvidos".
Sem analisar nosso caloroso modo de viver, nosso povo que consegue se divertir tanto com tão pouco e, antes de continuar a lista de obviedades, chama atenção a difença cultural que vivemos.

Uma das sensações que ouvi muita gente falar era o tal filme do "Bope", que ainda não havia chegado ao cinema e muitos DVDs caseiros já o conheciam.
O caso Renan Calheiros mal foi noticiado na Europa mas por aqui causava uma indigestão, digo indignação típica que deixa o brasileiro com "nojo" de política e se afasta do assunto, como se fechar os olhos fosse o remédio para uma perna quebrada. A TV também não parava de noticiar sobre a empresária solta de seu cativeiro, no mais recente (?) caso de sequestro no Brasil, como se apenas de sangue e lágrimas se construisse um país (talvez uma cultura sim, mas esse é outro assunto), afinal, ainda persiste a máxima de que aqui, "notícia boa não é notícia".

No dia seguinte à minha chegada minha mãe ficou por longo tempo no telefone esperando uma resposta da Telefonica, que por causa da greve dos Correios (!), tivemos a conta chegando atrasado e a tal operadora nada poderia fazer para ajudar, era "coisa do sistema, não podemos ajudar, senhora", disse o carinha do SAC. Neste dia estava meio ruim da voz e precisei ir à uma clínica de Otorrino para uns exames e, ao chegar, fui informado que só cinco dias após aquela data haveria alguém para me atender. Meu convênio também não serviu para nada.

Ficar um tempo - não importa o quanto - longe de quem se gosta desperta saudades e faz esquecer rapidamente detalhes ruins do objeto ou pessoa em questão; mas certas barbaridades fazem a gente esquecer até o que há de bom na cidade.
Talvez por isso não à toa algumas pessoas na Europa - as poucas bem informadas, devo dizer - se espantavam quando ouviam que eu era de São Paulo e perguntavam se era muito perigoso aqui. Um rapaz até perguntou se aqui era perto da "City of God" haha foi um esforço muito grande não gargalhar naquele momento.

Pouca coisa tinha mudado, infelizmente. Mas ainda acredito nesse país, talvez por causa da minha fé em Deus.
Mas as coisas estão mudando, porque quanto mais se muda... plus c´est la même chose.

Nenhum comentário: