quarta-feira, 31 de julho de 2013

O real grande problema da economia


Manifestação em 2013
Primeiro eles disseram que era coisa de 'vagabundo'. Apresentadores de telejornais na TV brasileira disseram estar havendo "ondas de barbárie" nas ruas de SP.
"Urgente, na tela!" gritava um deles.

Logo tiveram de dar o braço a torcer pois o movimento era a manifestação mais democrática vista nesse país nos últimos anos, talvez algo ''como nunca antes neste país'', para citar certo ex-presidente.

Dentre tantas coisas interessantes que aconteceram nestes últimos tempos de passeatas e reflexões a respeito de uma 'retomada de consciência' dos jovens a respeito dos nossos direitos como cidadãos (interessante que não foi dito nada sobre deveres), algo ainda me impressiona e causa-me espanto: a falta de foco ou de informação da maioria – ou de quase toda a população.

O estardalhaço em torno dos "não-vinte-centavos" foi muito bom pois refletiu a visão ampliada de uma juventude que parece não se conformar com a histórica falta de consideração dos nossos representantes eleitos, muitas vezes refletido nos cartazes bem-humorados dos que engordavam a massa com seus recados divertidos e aleatórios.

Mas o triste mesmo não foi a falta de foco concentrada no valor da passagem dos transportes, mas a falta de visão de nosso povo em torno do que realmente dificulta a vida no país.

Enquanto focamos em ''ladrõezinhos'', não os pequenos ladrões-de-galinha, mas os relativamente pequenos, como Lalau's e cia. ltda., não olhamos para a enormidade de juros que se paga neste país. Ou o fato que, num país pobre, de grande capacidade agrícola e industrial e grande potencial cultural – e de pouca cultura financeira –, as empresas mais lucrativas são bancos.

Juros são a causa destruidora de grande parte dos problemas deste país
Quatro bancos que atuam no Brasil estão entre as 20 empresas da América Latina de capital aberto que costumam ter os maiores lucros líquidos em qualquer época do ano. O grupo Itaú é a terceira empresa mais lucrativa da América Latina, seguida pelo Banco do Brasil, Bradesco e a subsidiária no Brasil do banco espanhol Santander. Segundo o UOL, em 2012, "o lucro das 235 empresas brasileiras com ações na Bolsa de Valores teve queda de 33,29%... Mesmo com queda de 8,76%, o setor bancário foi o mais lucrativo por mais um ano. As empresas do setor tiveram lucro de R$ 45,7 bilhões em 2012"
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/04/02/empresas-do-pais-na-bolsa-lucram-menos-em-2012-bancos-sao-os-que-mais-ganham.htm

Outro jornal destacou ainda, de forma mais clara:
"Sem vedar esses ralos, solução fica difícil
Verba que falta no serviço público foi para juro e múltis e não para a Copa
Mídia manobra incautos para blindar privilégios de maiores anunciantes
De janeiro de 2011 a abril de 2013 foram desviados R$ 305 bilhões - que o governo federal empregaria na Saúde, Educação, Transportes, etc. - para a reserva dos juros, o “superávit primário”. Mas o total de juros transferidos aos bancos foi ainda maior: R$ 448 bilhões. Só em “desonerações”, o governo concederá R$ 70,1 bilhões este ano, beneficiando monopólios, via de regra multinacionais, com o único efeito de aumentar suas margens de lucro. Enquanto isso, o governo bloqueia gastos em seu Orçamento e mantém Estados e municípios sob uma asfixiante camisa-de-força financeira."

Como competir com isso? Como a iniciativa privada, e principalmente, a pequena iniciativa, as micro e pequenas empresas, fonte da riqueza de todo país verdadeiramente democrático, pode sobreviver a tanta desproporção de investimento?

Ou mesmo com o poder e autoritarismo que os bancos exercem? Quem é que pode dizer ao banco para baixar suas taxas ou mesmo ter uma negociação honesta a respeito? E quem elegeu os nobres secretos do COPOM, que parecem decidir mais que o governo eleito sobre taxas e formas de estratégia financeira??
Charge da 'era Palocci' mas ainda válida, infelizmente
Se o cidadão não escolhe como ou quanto vai pagar - pior, nem é informado sobre isso - se não consegue ter a liberdade de iniciar seus projetos sem enfrentar o excesso de burocracia existente no Brasil, contratar funcionários e ter acesso a fundos públicos e privados de financiamento (ver http://info.abril.com.br/noticias/mercado/2013/07/burocracia-e-medo-de-assumir-riscos-bloqueiam-inovacao-no-brasil-1.shtml), essa falta de escolha e liberdade realmente caracterizam uma sociedade livre?



Nossa falta de liberdade social passa pela má administração pública sim mas destaco aqui que ela passa principalmente pelo desvio de verbas pagar juros ilegais e inconstitucionais, precisamos acordar para esta realidade. 

É urgente!, diria o apresentador.