quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O que sua bike, seu bife e seu carro tem comum?

Estes dias o site CMI Brasil destacou que 22 de setembro foi o Dia Mundial Sem Carro, uma data comemorada em mais de mil cidades no mundo para que se lembrar que a poluição causada pelo automóvel é responsável por grande parte da degradação do meio ambiente.

Mas também é preciso lembrar que não apenas usar uma bicicletinha faz bem pra saúde e pro bolso, que gasta-se menos com gasolina, estacionamento, seguro, depreciação etc., mas que Estados Unidos e China juntos ainda são os maiores responsáveis pela poluição no mundo todo. A Europa tem sua grande contribuição mas trata-se de países com pouco espaço para expansão econômica ou aproveitamento territorial, baixo crescimento demográfico ou em alguns casos, negativo, o que torna mais simples administrar a redução da emissão de CO² do que em amplas áreas livres e inexploradas.

A revista Carta Capital destacou em abril deste ano o fetiche em torno das feras de metal: “Assim como os antigos sacrificavam colheitas, gado e até os filhos a ídolos e ícones aos quais seus sacerdotes atribuíam poderes imensos e uma profundidade insondável, a humanidade da era industrial sacrifica tempo, espaço, riquezas naturais e, às vezes, as próprias vidas a essas máquinas às quais os publicitários atribuem virtudes igualmente mágicas. Até as guerras empalidecem ante as estatísticas do trânsito, sem que isso inspire tanto horror quanto seria de esperar. Trata-se de sacrifícios humanos socialmente aceitos.”

E nós, brasileiros, líderes natos da América Latina (pergunte ao casal Kischner ou aos "muy amigos" Evo Moralles e Hugo Chaves) também fazemos parte dessa liderança de poluidores. Sim, porque anualmente destruímos cerca de 9.495 km2, e somente em abril, 1223 km2 de floresta foram destruídos na Amazônia, segundo dados obtidos por satélite pelo Deter, sistema de detecção do desmatamento em tempo real.

Olhemos estes números: somente os 11 (que time hein) maiores desmatadores andaram acabando com 50,4 mil hectares da floresta amazônica ilegalmente. A área é superior à da capital gaúcha, Porto Alegre, e corresponde a mais de 61 mil campos de futebol, nas maiores dimensões permitidas pela Fifa.

O grande responsável por isso é o gado e a agricultura para exportação (as famosas commodities: soja, milho transgênico, celulose, açúcar, etanol, madeiras nobres) mas não culpem as vaquinhas, a pecuária justifica isso dizendo que o brasileiro precisa comer carne, o mercado demanda e o governador Mato Grosso, o “Rei da Soja” Blairo Maggi, já explicou tudo de forma clara e explícita: “Não se faz agricultura sem destruir a floresta”.
Poderíamos minimizar, produzir menos para exportar, até porque, quem enriquece não é o povo ou a soberana nação nem tampouco sou vegetariano, embora me pareceu uma prática um tanto civilizada quando fiquei sabendo da conta de que precisamos de cerca de 10 quilos de vegetais para cada um quilinho de carne que consumimos, porque os vegetais são usados para alimento dos bichos, fora a área previamente desmatada, como já mencionado (ver Le Monde Diplomatique Brasil, A Fome Que Dá Lucro”, ed. maio/2008).

Se cuidássemos tão somente de nossa terrinha, seríamos ótimos exemplos e não precisaríamos bancar os engajados como a intelligentsia neoliberal gringa assim o sugere que façamos.
Eles já destruíram as reservas naturais deles através dos séculos e ainda nos acusam de poluir tanto em tão pouco tempo. A China que o diga.

Oras, nossos políticos dizem que a poluição não existe em grau tão alto assim e nós votamos neles, será que não merecem crédito? Ou nós, povo, não merecemos crédito? Nossa ilustre ministra do Meio Ambiente Marina Silva, entregou o cargo por "conflitos com outros ministérios, como a Casa Civil e a Agricultura, em questões que opõem a proteção ambiental a interesses econômicos". Ou seja, parece que quem queria defender o verde do Brasil teve que sair pois alguns líderes do governo atual não pensam assim. Será que ela estava certa afinal?

Carro, bikes, pecuária, desmatamento, política... as coisas se interligam né?

Como assim, quem é Marina Silva???

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

As "quentinhas" da internet (ou seria as requentadas?)

Um link interessante a se sapear de vez em quando é o Google Trends < http://www.google.com/trends/hottrends?sa=X>, onde vira e mexe tem coisas no mínimo curiosas e/ou esdrúxulas numa lista de 1 a 100 sobre os temas mais pesquisados nos últimos dias. 

 A atual vai de Alex Croac (famoso quem?) até "white river amphitheater", grande arena de espetáculos que acomoda até 20 mil pessoas, passando por rumores sobre a sexualidade de Ricky Martin, que a propósito, acaba de ter gêmeos (é, eu também não sabia - e o que interessa, afinal?), e a final de volêi feminino de praia e spanish translation, por exemplo. 

 Aliás, há duas ocorrências sobre o campeonato de vôlei feminino de praia, o esporte têm mesmo tido muita aceitação desde que virou olímpico e o sucesso ocorre principalmente na versão das meninas, por quê será? Interessante saber quais são os principais patrocinadores do esporte... 


Como dados oferecidos, pode-se obter as opções de pesquisa relacionada, os locais de maior incidência, o grau de "quentura" ou o quão intenso é a procura, de 1 a 5 na escala: moderado/ médio/apimentado/em chamas/ vulcânico(!) e um gráfico que ilustra a intensidade da procura, do dia, de acordo com a hora e o "pico" da procura.

 Uma observação mais apurada revela ainda a grande procura por temas ligados a cinema, fofoca, esporte, atualidades, jogos eletrônicos, temas de fantasia, hospitais e termos médicos.

 Isso parece contrariar a máxima tida oficiosamente de que a internet provê informação e cultura de forma mais abrangente a todos, já que, mesmo na aparente proposta de liberdade de informação da sociedade em que vivemos, o que mais temos procurado, em todos os lugares, ainda é pão e circo…

quinta-feira, 15 de maio de 2008

TV-verdade?

Este texto toma como referência a bela matéria da repórter Natalia Viana, "Cem Marias para cada Madeleine" e fala um pouco sobre como funciona nossa política enferrujada de notícias. Para lê-la, clique aqui.

Transcrevo um trecho pois é bem ilustrativo:

"...sentada ao lado do editor do jornal britânico Independent, onde trabalhei durante alguns meses, anunciava minha saída e aproveitava para perguntar se a eles interessariam reportagens free-lancer sobre a América do Sul, que eu poderia fazer quando voltasse. A resposta: - Olha, ainda vale a velha regra: mil peruanos equivalem a 10 franceses. Então é assim, se tiver um acidente, um desastre muito grande...".

Detalhe para a velha regra ainda válida, onde se compara o valor de vidas humanas e o resultado é que uma certidão européia vale mais que tantas latinas. Interessante também é como a reportagem lança luz sobre o sistema de fontes das informações que vemos em nossos telejornais e jornais televisivos (você não tinha notado que eram as mesmas imagens e pautas bem parecidas?). Pela política de cortar custos, compra-se cegamente a idéia formatada por redes de informações com interesses escusos e tornamos a liberdade de imprensa, que declaramos orgulhosamente ter e de ter lutado por ela (pois é, estamos em maio, alguém falou em Revolução?) em algo barato e comprometido apenas com os índices de audiência e venda de jornais. O caso da garota assassinada ainda retumba nos telejornais. O trecho abaixo fala um pouco mais disso:

"Com a falta de dinheiro na maioria das empresas de mídia no Brasil, e aomesmo tempo com o advento da internet e dos canais de notícias 24 horas,a notícia internacional, se antes era mercadoria, agora virou mercadoria baratíssima. Para preencher tanto espaço em branco, em tão pouco tempo, os veículos optarampelos serviços das agências internacionais, um punhado de empresas – todassediadas em países ricos – que dizem ao mundo todo o que é notícia e o quenão é. Assim, a Reuters, de origem alemã e sede em Londres, a CNN americana, a AFP francesa, a BBC inglesa – financiada, não por acaso, pelo Ministériodo Exterior britânico – difundem a sua visão de mundo, a sua própria culturae o seu jeito de fazer jornalismo."

Não sou jornalista nem levanto bandeira classista mas o que fere a liberdade e ataca o direito de sabermos do ocorre in loco por mais de uma fonte, direciona a informação e padroniza reações e idéias, criando preconceitos e estigmas tolos.

Tais situações não são novas, nos tempos de Jesus ser cidadão romano era o supra sumo dos direitos civis e a respeito da ressurreição de Cristo, uma mentira fora plantada para encobrir a história contada por tantas testemunhas oculares, ver Mt 28.11-15.
(12 Reunindo-se eles em conselho com os anciãos, deram grande soma de dinheiro aos soldados,
13 recomendando-lhes que dissessem: Vieram de noite os discípulos dele e o roubaram enquanto dormíamos.
14 Caso isto chegue ao conhecimento do governador, nós o persuadiremos e vos poremos em segurança.
15 Eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos. Esta versão divulgou-se entre os judeus até ao dia de hoje.)

Saber separar e analisar a verdade é tarefa cada vez mais difícil visto que a idéia comum não necessariamente tem que ser a verdade em muitos casos...

sábado, 5 de abril de 2008

Pergunta que não cala

Estava vendo uma seção interessante no blog Nerdcast (http://jovemnerd.ig.com.br/) onde se discutiam perguntas curiosas como ‘qual o estado do fogo’ entre outras que também não sei explicar cientificamente quando lembrei de uma pergunta muito mais pertinente que me fiz nestes dias.

Muitos estão acompanhando o caso da garota Isabella, o novo espetáculo da mídia podre mainstreain para vender mais jornais e entreter o público ávido por sangue e coisas bizarras na TV.

O caso lembra em muito o da garotinha inglesa Madeleine McCann, desaparecida num hotel em Portugal em 03/05/2007, ainda não encontrada, cujos pais foram imediatamente criminalizados pela mesma mídia pobre vendedora de jornais e sedentas por audiência de sangue. Posteriormente, publicaram em matéria de capa pedidos de desculpa aos pais por acusações e sugestões irresponsáveis, qualificados por eles como “difamação grotesca”.
Veja mais em (http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/03/19/jornais_pedem_desculpas_aos_pais_de_madeleine_1235349.html#)



O que dá o clima de espetáculo para a mídia é que o crime teria sido cometido pelo pai – coisa que ainda não foi provada. Desconheço de forma pessoal os pais e as circunstâncias que envolveram a morte da menina e mesmo conservando a possibilidade de ser de fato cometido por algum parente da criança, o que torna hediondo o horrível, há uma pergunta que não cala, haja o que houver: “e se o tal pai da menina for inocente??”
Além do próprio trauma da perda de sua filha, algo já anormal pelo fato em si, não há precedentes para o que pode causar psicologicamente aos envolvidos por tamanha irresponsabilidade, como será a vida social destas pessoas, no trabalho, na rua, no trânsito?...

Há casos terríveis de abusos e crimes jornalísticos no Brasil que deixamos passar impunemente mas como lidar com algo assim sem ser acusado de repressor dos direitos e liberdades de expressão?

Um exemplo interessante seria rever o caso da menina inglesa onde os jornais, além serem obrigados a pedir desculpas em suas capas, foram obrigados a pagar uma quantia volumosa de indenização aos pais inocentes (http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/03/19/pais_de_madeleine_recebem_indenizacao_de_tabloides_1236041.html).

Quem sabe, doendo no bolso, a ‘ética’ de quem vive de vender possa mudar ou pelo menos, se conformar que neste país ainda se cumpre a lei.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Votos para 2008!

Mais um ano vem e muita para conversar e refletir pela frente... e, claro, agir :D

Entre tantas promessas, vou atualizar este blog com mais contância, pelo menos duas vezes por semana estarei martelando nos teclados.

Este ano teremos, entre tantas coisas, segundo a Carta Capital, eleições municipais no Brasil, Olimpíada de Pequim, pacote fiscal para compensar o fim da CPMF (pois é!) e as famigeradas eleições para a presidência nos EUA - o que vai sacudir mais na mídia?

Entre tantas tendências de consumo, segundo o relatório Trendwatching.com, vamos refletir um pouco sobre cada uma delas: as Esferas de Status, a Premiumização, a Cultura Snack, as novas tendências Online, Brand Butlers (!), Crowd Mining, MIY - Make It Yourself e Eco-Iconic - uau, viajei em várias né? Pois é, vamos comentar também.

Mas o que vai mesmo na cabeça do povo? Isso é o que ainda me interessa mais e acredito que seja o que define a importância e mérito de todas estas coisas citadas, tendências, etc., pois o relegado fator humano - sempre imprevisível - ainda é o que fascina e move o que vemos...

E o que move o que não vemos? Será o que realmente nos move e por conseguinte, todo o resto?

Bom ano a todos e... até logo :D