sexta-feira, 13 de julho de 2007

Mais uma vez a paixão pelas marcas

Alguém já disse que as marcas e corporações seriam a religião desse novo século que se inicia. E, ao que muita coisa indica, parece ser um truísmo que pouco foge à realidade.

Visto que marcas se valorizam muito mais em países de capital aberto e nestas circunstâncias geram muito maior valor ao acionista (Tomiya, 2006), o culto a seu valor parece assumir status de coisa realmente nobre e, com certeza, é um elemento diferencial entre as pessoas.

O que se viu do frenesi atrás de um iPhone pode parecer o fim para alguns, mas, segundo especialistas, é apenas o começo. Começo de tempos em que se valorizam cada vez o valor da marca. Ah, mas isso já rola há cinqüenta anos, algum “cético” pode dizer mas o fato é que nunca se viu tanto apego quanto hoje. As marcas nos distinguem e dizem quem somos antes que sequer possamos nos pronunciar a nosso respeito ou sobre algo. E isso porque cada vez mais as marcas não vendem produtos ou meros serviços, essa é uma realidade de quem compete por preço, sujeita aos canibalismos e interpéries do mercado.

Marcas vendem idéias ou ideais ou o que podemos chamar de estilo de vida. Pois é. Não compramos Levi´s, Dior ou Armani porque são intrinsecamente bons ou melhores, (embora tenham qualidade realmente superior na maioria das vezes, mesmo que essa diferença na qualidade seja quase imperceptível) compramos porque elas nos conferem uma expressão da qual nos identificamos realmente (alguém falou em desejos profundamente assentados?) e nos diferem dos outros.
Claro que isso não aconteceria em todos os nichos mas eis um exemplo factual deste raciocínio, publicada na Exame desta semana, matéria de capa: “Suas lojas (da Apple, por causa do iPod, iPhone, etc.) transformaram-se em verdadeiros templos onde os fiéis podem adorar a marca. ”

Naomi Klein citando Tom Peters no novo clássico "The Corporation", enfatiza este modo de lidar com as marcas ao comparar que não se deve fabricar produtos, deve vender Marcas, pois estas transcendem o baixo potencial do primeiro, tido como algo "preso à Terra"; de novo, a alusão à tentativa de, usando as palavras do sr. Tom, transcender nossa realidade, não mais satisfatória à nossos anseios.

Tô sonado e sem tempo de levantar bibliografia exata do que escrevi, mas no fim-de-semana eu posto.